sexta-feira, 17 de abril de 2015



Por Manoel Herzog

Viena, doce sabor em minha boca, Viena de meus amores. Deu-se aqui o memorável embate entre dois gênios da música, Amadeus Mozart e Antonio Salieri. Talvez do ítalo nome do rival venham tantas referências em italiano na obra de Mozart. As árias, as cantatas, as tocatas e fugas, a Flauta Mágica e o maravilhoso Don Giovanni, ah Viena musical, Viena das artes, Viena poética. Doces de Viena, valsas de Viena. As pontes de Viena, sobre as quais tantas juras de amor se fizeram, as ruelas de Viena, onde ecoa a melodia de violinos ancestrais, onde Freud com seu frio olhar germânico estendeu a compreensão do humano para além da mente. Viena da elegância, das cortinas e tapetes em broquéis, dos cafés fortes e do aconchego das almofadas e pratarias. Viena sobretudo dos poetas. Dos elegantes poetas, os assim chamados Dândis. Viena da Áustria, do Crocodilo Dândi. Viena das gôndolas.
Hoje não sinto tanta culpa de ser rico, já senti mais. Achava que o dinheiro não trazia coisas boas e só tendia a piorar a criatura. Meu pensamento - equivocado - era formado a partir da observação dos outros ricos, em geral um povo espalhafatoso e inculto.

Era um engano. O dinheiro pode proporcionar coisas maravilhosas a um homem de espírito. A mim, por exemplo, me possibilitou viagens fantásticas, por onde ampliei deveras minha concepção sobre a existência.

Não se pense que, a exemplo dos outros ricos, eu me tenha lançado a deprimentes compras nas autiletes de Maiame ou tenha ido sacar fotos clichés naquela torre infame que há na França. Não. Escolhi lugares inusitados.

Era caro por ser especial, pouco visitada, mas fui. Se dane o dinheiro, me interessava saber da pátria musical que nos legou Amadeus Mozart. Me interessava o caldo de humanidade que forjou um espírito feito Sigmund Freud. Não olhei preço e lá fui conhecer a amada Áustria. Posso dizer que é um país singularíssimo, com ruas e avenidas belas, de uma arquitetura harmônica e original, mas principalmente de um povo afetuoso e muito inteligente. Na gastronomia é imbatível, as carnes são supremas, saboreei suculentos churrascos. Mas o melhor de tudo é, por assim dizer, a fotografia. Paisagens belíssimas tem a doce Áustria. Campos infinitos afagados por um sol dourado onde podemos sentar e contemplar de longe o saltitar do gracioso canguru.

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