sexta-feira, 16 de agosto de 2013

pollyanna estilhaçada

meu baby não me oferece amor hollywoodiano durante nossas longas fugas selvagens – meu benzinho não me transforma em rei ou princesa inquieta a rolar sobre as cobertas que jazem esquecidas neste quarto sombrio de velas – paixão sem gestos destinada aos monstros & aos filhos únicos incapazes de destreza absoluta durante o tic-tac do relógio & as minhas obsessões reprimem o bebê de rosemary fantasiado de ouro & sem valor de mercado nas profundezas do brasil – sexy eu seria caso estivéssemos num jantar de máscaras & calos rodopiando nossos pés antes que eu tome um táxi & absorva a madrugada que instiga as tão temíveis dores que nos violentam sem dó nem piedade – eu copiaria a performance de galãs megalomaníacos do cinema como última manifestação voluntária ao processo que descarta minha crença quando nossa senhora do perpétuo socorro é nossa senhora do perpétuo socorro nas alturas – prevaleço meu mundo aos pedaços trancado no banheiro a ofuscar o vazio do espelho & a porta cerrada simplesmente não impede os meus olhos de fitarem as redomas & os ritmos super apocalípticos incrustados no meu globo ocular antes dos pés na bunda & etc.

poema para cálices & pessoas ausentes

não há espaço
nem alienígenas circunspectos
viajantes são nossos segredos nas estantes
performance madrugada de mil dentes
o amor que platina os bosques
regiões de fuga rodopiam meu percurso
& omisso adorar
raízes flagelos distâncias no espaldar do mundo
relíquias de auroras boreais retidas no espaço
pois esta fumaça cercada por vidros cálices vórtices
comemora descalça os ventos daí
os 365 beijos que eu jamais quis
as dolorosas formas do poder floral & dos carmas
exatidão em páginas & eles desenham fatalidades
tão começo tão tarde tão trabalhosa é a noite.

recordação sem qualquer título

eu precisei ter a certeza de que você tomaria pílulas
antes que eu adormecesse no fundo desse poço,
cigarros, extremos desencontrados em setembros
de estampas carimbadas, aqui, com o fogo a banhar
as lápides do meu incenso, mamãe que procura nos copos
o apagar da luz, & eu na vivência a recordação de frases e animais.

o olhar de fera, ansiedade múmia & úmida sobre recortes,
as relíquias dos diários submersos, diários submersos,
um beijo entorpecido no decorrer supremo da cidade,
parábolas submersas, os diários submersos
eu tal & qual aquele que porventura abre uma porta
& percebe nos degraus da noite a presença inimiga,
tão submersa como o olhar dos cães.

educação

lembrei do lençóis sobre os azulejos & dos comprimidos que você deveria ter tomado aos 19, ano em que o teu amor por mim se esvaiu numa noitada extrema, tal & qual um cachorro feroz que arranca um pedaço de carne das mãos. mas se você fosse um garoto sincero, não compartilharíamos o poder de duas estátuas que nunca se tocam. eu cumpriria o dever dos que colecionam cartas, & você manteria o segredo sobre por quem o teu coração realmente bate.
seria a espécie de educação que eu mereço.

Leia outros textos do autor no blog:
http://oimpenetravel.blogspot.com.br/

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