Jazz Fusion

                                                           Foto: Duane Michals

Por Marcelo Ariel

Reproduzo abaixo dois textos anteriormente divulgados no facebook

"O eu-lírico é um conceito abstrato-formal inexistente, a que nenhuma realidade corresponde. Quando num poema fala um eu, se o poema é verdadeiro, este será sempre fala da poesia. Jamais será fala do poeta ou um formal e abstrato eu-lírico. É o eu-concreto da poesia manifestando-se no poeta e nos leitores que verdadeiramente têm o poema da poesia. O poeta ou o leitor fala, mas quem diz é a poesia. Um poema é verdadeiro quando é esse dizer concreto da poesia."

Manuel Antônio de Castro

O rigor dos músicos faria muito bem aos escritores, os músicos sem ensaio, nada são, me pergunto que seria o ensaio para mim, talvez a tentativa de sair da frente do poema, e o que seria a partitura, a leitura dos mestres e dos poemas clássicos, dialogar com a tradição da criação poética, inclusive com a intenção de romper com ela, essa me parece foi a intenção dos grandes poetas clássicos, ao romper, inauguram um novo tipo de harmonia, porque não acredito em dicotomias, mas apenas em complementariedade, e quem seria o Maestro, possivelmente, jamais será meu ego, talvez o leitor, o melhor leitor, outro poeta que comete a elegância de abrir mão de seu poema em favor do "meu". 

A todos os meus amigos e conhecidos desejo que o fogo nos conduza até as lavas, que as lavas nos conduzam até o alto, que o alto se incendeie e nos conduza até o Sol e que ao matar as saudades de nosso verdadeiro lar, acordemos do nosso sonho com o ímpeto das tempestades solares. O ultimo dia do ano não é o ultimo dia do tempo, diz o poeta, que a tempestade destrua o tempo cronológico com furor,uma parte de nós, a mais audaciosa, sabe que, mesmo que trabalhemos incansavelmente inclusive em todos os domingos, o tempo jamais será o dinheiro, porque ele é o fogo da eternidade

Objetivo: Associar os conceitos 'Poeta' , 'Leitor' e ' Amigo' em uma espécie de Jazz Fusion de silêncios.