terça-feira, 29 de junho de 2010

Alessandro Atanes

Acabei de terminar a primeira leitura de Poesía, volume com uma seleção de poemas de José Agustín Goytisolo (1928-1999), poeta espanhol de quem apresentei na semana passada em minha coluna no site PortoGente três poemas tendo portos ou o tema da partida como assunto.

Hoje junto Goytisolo a outro tema recente: a sensibilidade poética definida pela proximidade ao mar, como escrevi em Atlântico e Mediterrâneo, em que deixei lado a lado textos do atlântico Flávio Viegas Amoreira e do mediterrânico Joan Fuster (1922-1992).

Goytisolo, porém, embaralha as duas sensibilidades no poema Americanos, de seu livro Claridad, de 1961, no qual narra o contato com poetas da América do Sul que, por uma ou outra razão, acabaram do outro lado do oceano, no desterro, influenciando o poeta-anfitrião. A tradução é minha: 


Eu tive amigos
de cor
de bronze:
homens do Sul
companheiros
da América.
Chegavam até mim
com suas canções
com sua terra
na mão.
Me diziam:
Eu sou Colômbia;
México; Argentina;
eu trago o Altiplano
na palavra;

venho da Venezuela;
Equador; Nicarágua;
sou do Chile;
minha pátria
é o Peru...
Por eles
se alargaram
minhas fronteiras;
por suas canções
me inundou a alegria
de outros mares; soube
a dor de povos
sem aurora;
alcancei o coração:
senti sua terra.

Pós escrito
Goytisolo é autor de 19 livros de poesia, dos quais não encontrei nenhum traduzido no Brasil. Além de Americanos, traduzi aqui na Revista Pausa O sino, também do livro Claridad. Agradeço a amiga Gemma Nadal por ter me apresentado o poeta.

Referências
José Agustín Goytisolo. Poesía. Seleção, prólogo e notas Carme Riera. Coleção Letras Hispánicas. Madri, Espanha: Ediciones Cátedra, 2001.




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