sábado, 5 de setembro de 2009

Alessandro Atanes

”Ler é ser contemporâneo do fato lido. Cativa a memória”. Essa frase o jornalista e escritor Ruy Castro falou ontem no Teatro Guarany durante a mesa “Os livros dentro dos livros”, no primeiro dia de debates da Tarrafa Literária, encontro de literatura em Santos, da qual também participou Heloisa Seixas, mediados pelo jornalista Ricardo Kotscho. Castro falou isso quando tratava da importância da leitura para a apreensão dos fatos do mundo, dando exemplos de como as memórias das mortes de Carmem Miranda ou Getúlio Vargas foram sedimentadas a partir da leitura dos jornais da época.


Outra frase ótima dita por Castro foi o quase provérbio “ler é uma das melhores coisas que se pode fazer vestido”. A leitura recebe a mesma conotação em um dos dez conselhos para um jovem leitor impressos em um marcador de livros da livraria Taifa, de Barcelona: “Ler é a segunda coisa mais divertida do mundo”.



A comparação com o sexo nas duas frases tem o objetivo de colocar a leitura entre as melhores coisas da vida, é claro, mas foram aqui lembradas porque uma das coisas que ficou da mesa é que a própria leitura e a relação física com os livros têm algo de sensual, como no próprio subtítulo da coletânea de artigos sobre literatura: Um leitor apaixonado: prazeres a luz do abajur, escolhido justamente por Heloisa Seixas, esposa do jornalista e biógrafo, organizadora do material e ela mesma ficcionista e ensaísta, embora tenha preferido nessa tarde falar mais de seu trabalho enquanto organizadora do trabalho de Castro. Mas a frase “prazeres a luz do abajur” revela a capacidade estilística da autora.

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