quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Alessandro Atanes, para o PortoGente

Recebi da Realejo a informação de que a editora e livraria de Santos iniciou a empreitada de realizar a Tarrafa Literária, festival literário da cidade, após aprovação para captar recursos públicos por meio da lei federal de incentivo à Cultura. Documento disponível no site do ministério sobre o caso (projeto 083425 do setor de Humanidades, PDF disponível) mostra o voto de aprovação do conselheiro na 160ª reunião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, realizada nos dias 2 e 3 de dezembro.

José Luiz Tahan, o Zé Luiz proprietário da Realejo, conta que a idéia vem de 2007, que a livraria já vem realizando mais de 80 encontros por ano com escritores de todo o país e que as condições da cidade são propícias para um evento cultural: “A cidade tem uma história riquíssima, ela tem elementos únicos por ser uma praia urbana, está do lado da maior cidade da América Latina, tem seu porto também, que é sinônimo de miscigenação, de vinda de culturas múltiplas para cá. Então a cidade de Santos pode ser a cidade mais multicultural do Brasil”. Tahan sabe das dificuldades e admite que esse espírito necessita de estímulo.

Lançamento da Editora Letra Selvagem na Realejo
À esquerda, Marcelo Ariel, do TEATROFANTASMA e daqui da Revista Pausa e Olga Savary, autores de Tratado dos anjos afogados e Anima Animalis, lançados pela editora Letra Selvagem na livraria Realejo em 2008; no meio, Ademir Demarchi, poeta lançado pela Realejo com recursos do Programa de Ação Cultural do Estado e à direita o maestro e compositor Gilberto Mendes, que acaba de publicar Viver sua música, edição em parceria entre a Realejo e Edusp

A iniciativa da Realejo ocorre em momento em que a Flip de Paraty, da qual o editor já participou três vezes, parece ter se consolidado como modelo de evento literário. O desafio está em que a programação da Tarrafa seja inovadora, com equilíbrio justo entre celebração, troca e comércio de livros.

Em fase de elaboração do conteúdo, nesse momento a Tarrafa, prevista para ocorrer de 3 a 7 de setembro, pretende reunir experiências de festivais como o de Paraty ou a Jornada Literária de Passo Fundo (RS): “Eu quero que ela ganha personalidade também: vinda de autores estrangeiros somados aos brasileiros, música na abertura e no fechamento, talvez um jogo de futebol para dar uma outra característica de nossa cidade, de ter essa miscigenação declarada e valorizada pelo santista e pelos de fora. O projeto é esse”.

Parceria com a Edusp
Tahan falou sobre a Tarrafa Literária no dia 21 durante o lançamento de Viver a música – com Stravinsky em meus ouvidos rumo à Avenida Nevskiy, do compositor e maestro Gilberto Mendes, uma edição realizada em parceria entre a Realejo e a Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), experiência sobre a qual ele também falou: “Foi uma aula dupla, tanto atender as expectativas do Gilberto Mendes, que eu já conhecia bastante da história dele antes de ter esta oportunidade, tanto quanto atender às expectativas da Edusp”.

A produção ficou sob responsabilidade da equipe da Realejo, que a cada etapa aprovava o resultado junto à Edusp. Entre os benefícios da empreitada, novos conhecimentos aplicados na feitura do objeto livro: padrões editorias, um detalhe de folha de rosto, padrões para a colocação de folhas para respiro antes da entrada de textos ou capítulos. “Coisa que a gente fazia de um jeito estético, por amostragem de outras obras, mas nunca com certeza. Depois de ter atendido esse trabalho, senti um prazer muito grande e uma aprovação muito direta do Gilberto Mendes e da Edusp”, comemora.

Para a Realejo a parceria é um selo, uma vitrine, um novo patamar e também uma nova cobrança.

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